segunda-feira, 20 de maio de 2013

Tradição ameaçada pelo plantio de grãos

lta no preço do produto é notável no comércio local



Quem gosta de tomar chimarrão deve ter percebido que o preço da erva-mate aumentou nos supermercados, mercearias e panificadoras. Artur Vicente Variente, gerente de loja da filial do supermercado Righi-Village, informou que nos últimos meses houve um aumento em torno de 20% no valor do quilo do pacote de erva. “As pessoas compram muita erva-mate para tomar chimarrão, em casa ou no trabalho. É um dos principais itens na prateleira, um vício que os gaúchos têm, e em decorrência desse costume diário, mesmo com o aumento no preço, não diminuiu a procura pelo produto”, disse.

Artur Vicente Variente, gerente de loja

Artur ressaltou uma série de fatores que possivelmente estejam por trás do reajuste, acima da inflação do período. Um deles é a redução de matéria prima nos dias que antecedem a chegada do inverno. Produtores que antes forneciam o produto para as ervateiras, hoje plantam soja, trigo, entre outros grãos, que rendem um lucro maior no fornecimento, deixando, assim, um déficit na produção de erva-mate.

Segundo o gerente, ainda existe um consumo muito grande do produto no mercado, que poderá ficar ainda mais caro. Embora tenha havido uma alta significativa no preço do quilo da erva-mate, as pessoas não deixam de apreciar um bom chimarrão, um costume que atravessa gerações. “Com a falta de matéria prima, as ervateiras estão suprindo a necessidade do mercado com as reservas que têm”, explicou, lembrando que essa reserva das indústrias não supre as necessidades da falta da erva-mate. “Os clientes reclamam do valor, mas não deixaram de comprar a erva-mate. Entretanto, os representantes das ervateiras dizem estar com dificuldade


para comprar o produto dos produtores que antes produziam e hoje produzem outras matérias primas, cujo rendimento é maior”, destacou Artur Vicente, salientando ainda que os produtores afirmaram que com os novos plantios, deverá normalizar a produção e, por consequência, o preço do produto nas prateleiras.


Roberto Braz, produtor de erva-mate nativa

De acordo com Roberto Braz, produtor de erva-mate nativa e Engenheiro Agrônomo, há realmente uma demanda muito maior do que a oferta do produto, e como acaba faltando no mercado, o aumento no preço é inevitável. A planta da erva-mate é de crescimento lento, o que implica também na redução de produtores – os que podem, optam por mudar de produção, uma vez que os que plantam na costa dos cerros não têm alternativa. A planta demora em média quatro anos entre o plantio e o momento da primeira colheita, segundo o produtor. “O produto mais procurado e valorizado no mercado é a erva-mate de ervais nativos, que origina uma erva de qualidade superior, já que o plantio dela é feito em meio à mata fechada, para não ficar exposta totalmente à luz solar”, esclareceu Roberto Braz.

A reportagem de A Plateia consultou também a farmacêutica Marilene Tambara, que falou sobre o assunto. “Não tenho hábito de tomar chimarrão, diferente da maioria dos santanenses e dos gaúchos, mas estou sabendo da elevação de preço e escassez do produto no mercado. Acredito que vários fatores devem ter sido responsáveis, como a mão de obra, pois a maioria das pessoas está fugindo do campo, o que diminui a oferta de folhas e eleva o custo. O frete também tem contribuído para o aumento de todas as mercadorias, porque se estabeleceu descanso a cada número de horas viajadas e isso eleva o custo do frete”. Ela ainda enfatizou que pode ser uma alternativa interessante e saudável, o uso de fitoterápicos a base de erva-mate, que se encontram em farmácias de manipulação, destacou a farmacêutica da Farmácia Valmaris. 


Benefícios da Erva Mate 


Marilene Tambara, farmacêutica da farmácia Valmaris

Marilene Tambara ainda falou um pouco a respeito dos benefícios que a erva mate traz ao organismo. “Pholia negra é o nome comercial fantasia do extrato concentrado da erva mate, uma planta comum no sul do Brasil, Paraguai e Uruguai e largamente consumida na forma de chimarrão”, esclareceu ela. Entre as substâncias ativas, presentes no extrato, encontramos a cafeína, o ácido cafêico, flavonóides, saponinas e ácidos clorogênicos. 

INDICAÇÃO PRINCIPAL 


Marilene fala que o produto pode causar diminuição da fome e aumento do gasto de energia.


“Provavelmente você conhece a planta da Pholia Negra. Ela atende pelo nome científico de Ilex paraguariensis e é ninguém menos que a conhecida erva-mate”, esclareceu a farmacêutica.


Marilene completou dizendo que a erva-mate é originária do Brasil e atualmente, sabe-se que contém várias substâncias bioativas. A planta contém alcalóides (cafeína, metilxantina, teofilina e teobromina), taninos (ácidos fólico e caféico), vitaminas (A, B1, B2, C e E), sais minerais (alumínio, cálcio, fósforo, ferro, magnésio, manganês e potássio), aminoácidos essenciais, glicídios, lipídios, além de celulose, dextrina, sacarina e gomas. Muitos especialistas são unânimes em afirmar que a erva-mate pode ser considerada um alimento quase completo, pois contém a maioria dos nutrientes necessários ao organismo, avaliou. “Os polifenóis e flavonóides constituem cerca de 30% da erva-mate e são responsáveis pelo gosto adstringente. Já os alcalóides cafeína, teofilina e teobromina são considerados os de maior interesse terapêutico”, frisou ela.


A farmacêutica disse que, de acordo com a literatura especializada, a erva-mate é considerada um estimulante que combate a fadiga, a sede e a fome, estimula a atividade física e mental, atuando de forma benéfica sobre os nervos e músculos. “A planta tem demonstrado, ainda, propriedades diuréticas e laxativas”, finalizou.


Glaci Brito Antunes, 53 anos

“A erva está muito cara, porém não dá para viver sem o chimarrão. E dependendo da marca, encareceu mais ainda. Tomo chimarrão duas vezes ao dia, e embora tenha acontecido esse acréscimo no preço, não diminui o consumo”. Glaci Brito Antunes, 53 anos.


Vera Regina Peres, 59 anos

“A gente tem um orçamento para o mês, quando acontece a alta repentina de um determinado produto, costumo substituir por outro, então passei a tomar meu chimarrão uma vez por dia, e de tarde tomo chá. Sei que a erva-mate faz bem para a saúde e por ser benéfica nesse sentido não quero deixar de comprar, mas a quantidade é bem menor para não fazer muita diferença no orçamento no fim do mês. Procuro comprar ervas que não contenham sódio ou muito sódio ao menos e que não tenham adição de açúcar. Acredito que tenham pessoas com renda econômica mais baixa que tiveram que deixar de apreciar seu chimarrão, por isso acho que o preço deveria se normalizar logo”. Vera Regina Peres, 59 anos.

Florentina Corrales Cunha, 69 aos

“Acho que subiu muito, não sei ao certo o motivo desse aumento no preço da erva-mate, mas acho que deve ser em decorrência das chuvas. Eu diminuí bastante o consumo, porém não troquei a marca da erva, continuo levando a mesma, embora esteja um pouco mais cara. A gente se acostuma com uma determinada marca”. Florentina Corrales Cunha, 69 anos.

Graciela Moura, 49 anos

“Eu acho que subiu muito repentinamente o preço da erva-mate, e a gente não sabe bem o motivo pelo qual aconteceu essa alta. Senti bastante no bolso, porém não deixei de tomar meu chimarrão, pois é uma tradição”. Gracila Moura, 49 anos.

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Ações:
•Combate os radicais livres;

•Inibe a formação de produtos da glicosilação (AGEs) responsáveis pela doença vascular dos diabéticos;

•Diminui o tempo de esvaziamento gástrico, fato que produz sensação de saciedade;

•Diminui a formação de gordura;

•Estimula a termogênese com consumo de gordura;

•Estimula a sensibilidade dos receptores de leptina, promovendo a sua diminuição na circulação;

•Estimula o sistema nervoso central;


Fonte! Chasque com os retratos, publicado no sítio eletrônico do jornal A Platéia, dos pagos de Santana do Livramento. Abra as porteiras clicando em http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=78068.

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