quinta-feira, 25 de março de 2010

A morte anda a cavalo na cavalgada do mar!

Sovando um pelego, com as Tradições do Rio Grande!

Nas cavalgadas, sovando pelego sobre os arreios, fazendo feio, vai junto a morte ao que é do pago; só pelo intuito de fazer no mundo a sua farra, nessa algazarra ela mata a riqueza cultural de um Estado. Buscando aquilo que os políticos sempre buscaram, idealizada junto ao mar por projeção; sem qualquer vínculo com o Tradicionalismo esse gauchismo mata também a Tradição. E se na mídia e na sociedade há um protesto forte contra a morte e maus tratos de pingos extenuados, não há o resgate nem da cultura nem da verdade; só uma saudade é que bate ao se ver os mal pilchados. Quem tem a alma de tradicionalista é conservadorista de heranças tradicionais; não se limita a passear enforquilhado, fantasiado com preferências pessoais. Assim, esse bosteio que polui areias, tornando feias as praias do litoral, é evento político não tradicionalista, embora exista algo de tradicional. Por isso que na defesa do direito animal e da regional cultura gaúcha é que eu falo: no Tradicionalismo há o dever de preservar; e na Cavalgada do Mar, a morte anda a cavalo! (A morte anda a cavalo, de José Itajaú Oleques Teixeira)

Fonte! Chasque postado no dia 22 de março de 2010 no galpão virtual do Bombacha Larga - http://www.bombachalarga.com.br/. Retrato de Gujo Teixeira.

terça-feira, 23 de março de 2010

1a RT (RS) vence principal prova da Fecars

1ª Região Tradicionalista foi a vencedora da categoria Laço Seleção, a mais disputada da 22ª Festa Campeira do Rio Grande do Sul (FECARS), que acabou ontem à noite, em Caxias do Sul. Com aproximadamente 2 mil competidores, o evento reuniu cerca de 40 mil pessoas no Parque da Festa da Uva para assistir as mais de 20 modalidades de disputa.

O Laço Individual Peão, outra prova muito disputada, foi vencida por Lucas Conrado Silva, do CTG Tapera Velha, de Tupanciretã. Foram 50 voltas para conquistar o título de campeão. Já o troféu Braço Diamante, que reúne os vencedores das edições anteriores, pertence a Antônio Rudimar Jaenisch, do CTG Sinuelo da Coxilha, de Espumoso.

A relação de todos os vencedores está publicada no blog do MTG ( http://wp.clicrbs.com.br/mtg/2010/03/21/resultados-finais-fecars/?topo=52,1,1,,191,e191#comments).

Fonte! Chasque publicado por Giovani Grizotti no galpão virtual (blog) Roda de Chimarrão, no dia 22 de março de 2010 - www.clicrbs.com.br/rodadechimarrao.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Céu, Sol, Sul, tradição e talento


A música tradicionalista gaúcha perdeu ontem um de seus mais ilustres representantes: o compositor e cantor Leonardo que, em virtude de complicações renais, faleceu às 0h05min, no Hospital de Viamão. Natural de Bagé, Jader Moreci Teixeira tinha 71 anos, sendo 40 de carreira artística, que inclui cerca de 800 músicas gravadas e 41 discos. Há sete anos apresentava o programa "Província de São Pedro", na Rádio Guaíba AM, veiculado aos domingos, das 6h às 8h, cuja última edição foi ao ar em 21 de fevereiro e repetida na programação de ontem.

Autor de sucessos como "Viva a Bombacha", "Batismo de Sal" e "Tertúlia", que ganhou o troféu Calhandra de Ouro da 12ª Califórnia da Canção de Uruguaiana, em 1982, teve "Céu, Sol, Sul, Terra e Cor" eleita por voto popular como a música símbolo do Rio Grande do Sul. Foi vencedor de vários festivais, dentre eles a 3ª Ciranda Musical Teuto-Riograndense de Taquara; a 1ª Guarita da Canção de Torres; e em São Francisco de Paula, o 1º Ronco do Bugio e o Ronco dos Roncos, competição que reuniu todos os ganhadores em dez anos de evento. Cidadão emérito de Viamão, Bom Jesus, Torres, Taquara, Tramandaí e Porto Alegre, foi agraciado inúmeras vezes, com a medalha Personalidade da Sociedade Porto Alegrense, Prêmio Lupicínio Rodrigues e Comenda Laurindo Fernandes do Amaral, de São Leopoldo.

Amigos há mais de 20 anos, a cantora Maria Luiza Benitez, também colega de emissora, conheceu o músico nos anos 70, com quem teve uma convivência muito grande, dividindo muitas vezes o mesmo palco, sendo jurados de festivais e tendo em comum a atividade de terapeutas holísticos, na área de reiki.

Ela exalta suas qualidades como produtor musical, especialmente quando trabalhou com Adair de Freitas e Gaúcho da Fronteira, no grupo Os Vaqueanos, e quando atuou na gravadora Isaec. "Leonardo produziu um monte de músicos e fazia música pra muita gente. Fazia jingle para cada cidade e suas músicas viravam hinos", afirma. "Ele era extremamente alegre, contava uma piada em cima da outra. Não tinha nenhum pingo de tristeza, nunca o vi com cara triste, e estava sempre pra cima", declara saudosa sobre o amigo, que sabia ser portador de diabetes em grau muito avançado.

Para o músico e ex-secretário estadual da Cultura, Vitor Hugo, Leonardo era um artista versátil, que deixa uma obra muito extensa, em várias ramificações da música regional. "O Leonardo era aquele cara que nasceu especialmente pra fazer música, com uma facilidade enorme de expressar sentimentos em forma de canção", declara, mencionando o início de carreira do artista, na dupla Leopoldo e Leonardo.

Letras para a eternidade

O folclorista Paixão Côrtes mantinha com Leonardo uma convivência muito íntima, tendo sido padrinho de seu conjunto Os Três Xirus, com quem viajou pelo Brasil e Uruguai. "Foi um grande compositor, excelente cantor, violonista de magnífica qualidade e com capacidade de focar os mais variados temas, desde os aspectos galponeiros até as coisas mais sublimes do Rio Grande do Sul", diz sobre o amigo, a quem classifica um compositor não afeito ao consumismo e imediatismo. Para ele, a exaltação à natureza e à beleza de nossa terra o projetava nos mais variados segmentos culturais.

Com Os Três Xirus, foi ao Cassino Estoril, em Lisboa e à Feira de Santarém, também em Portugal, ocasião registrada no livro "O Rio Grande Canta e Dança Paixão Côrtes". Fez questão de gravar "Lamento de um Gaúcho", do compositor, somente ao violão, "por considerar grandiosa de alma, maior que qualquer efeito sonoro". Estiveram juntos em várias festividades maçônicas e Leonardo sempre conquistava o público por onde passava, pela simpatia e dignidade. "Quando menos se esperava, ele aparecia com uma letra maravilhosa", conta Côrtes, que quando lançou a Califórnia da Canção, como presidente, contratou Os Três Xirus para acolherem os letristas e compositores que não tinham músicos. "Era uma pessoa simples, que não era medíocre, e tinha visão grandiosa. Certamente quem vai se deliciar com suas músicas serão as novas gerações, pois ele compunha pra eternidade", acrescenta emocionado.
 
A divulgação do Rio Grande nas ondas da Rádio Guaíba AM

No dia 6 de abril de 2003 estreava na Rádio Guaíba o programa "Província de São Pedro", com apresentação de Leonardo e produção de seu filho, Jader Teixeira, que era gravado nas quintas-feiras e ia ao ar aos domingos. O compositor e cantor tinha uma responsabilidade e tanto pela frente, ao substituir Paixão Côrtes no primeiro programa gauchesco da emissora, "Domingo com Paixão Côrtes", veiculado durante 24 anos.

A desenvoltura e a capacidade de comunicação foram adquiridas muito antes de incursionar pela música, quando o artista e comunicador atuou como palhaço, sob o apelido de Zé Sabugo, em sua terra natal. No programa de rádio, atendia pedidos de ouvintes, que ligavam e escreviam solicitando músicas; falava de eventos nativistas que aconteciam pelo Rio Grande do Sul e valorizava o trabalho de nossos artistas, fazendo vários tipos de homenagens: ao rio Gravataí, a Erechim e a Porto Alegre, entre outros agraciados. De acordo com o Gerente de Jornalismo da Rádio Guaíba, Ataídes Miranda, era conhecido pela "simplicidade e humildade. Embora talentoso, nunca deixou o sucesso subir à cabeça". De opiniões fortes, se engajou no movimento das "Diretas Já" e fez campanha aberta ao Partido dos Trabalhadores, cantando na campanha e também no Fórum Social Mundial. Mas é pelo bom humor que ele sempre será lembrado e que vai deixar saudades em colegas, como o operador de gravação da rádio, que atuou ao seu lado por dois anos, Jefferson Gomes: "Foi muito bom conhecer o Leonardo, que era muito legal. A convivência era muito boa, quando ele chegava já mudava o clima, pois estava sempre brincando", afirma o Gomes.

Fonte! Chasque publicado no Correio do Povo de Porto Alegre - RS, na edição do dia 08 de março de 2010 - http://www.correiodopovo.com.br/.

Créditos dos retratos:
1 - Luis Gonçalves / CP Memória
2 e 3 - Ricardo Giusti / CP Memória

domingo, 7 de março de 2010

Morre cantor regionalista Leonardo

Músico estava internado no Hospital de Viamão desde a última segunda-feira

Morreu a 0h5min o cantor regionalista Jader Moreci Teixeira, 71 anos. Mais conhecido como Leonardo, ele estava internado no Hospital de Viamão desde a última segunda-feira, quando teve pressão baixa. Durante a semana foram detectados problemas renais no cantor.

Na última quinta-feira, após uma hemodiálise, ele teve uma parada cardíaca e entrou em coma induzido. Neste sábado o quadro do cantor apresentou melhoras, mas nesta madrugada não resistiu às complicações renais. Leonardo é autor de sucessos eternos da música gaúcha como Céu, Sol, Sul, Terra e Cor e Tertúlia.

O música está sendo velado desde o início da manhã deste domingo no Cemitério Parque Saint Hilaire, na Avenida Salgado Filho, em Viamão. O corpo será enterrado no mesmo local no final da tarde.
 
Fonte! Chasque publicado no dia 07 de março de 2010 bo portal do Clic RBS - http://www.clicrbs.com.br/.

Créditos do Retrato para Genaro Joner / BD

Morre o cantor nativista Leonardo

Músico, natural de Bagé, estava internado há cinco dias no hospital

O cantor nativista Jader Moreci Teixeira, de 71 anos, mais conhecido como Leonardo, morreu na madruga deste domingo no Hospital de Viamão. Após uma melhora considerável registrada ainda neste sábado, o músico não resistiu a três paradas cardíacas e acabou morrendo no começo da madrugada de domingo.

O cantor sofria de complicações renais. Ele estava internado desde a última segunda-feira, por volta das 22h, quando sentiu-se mal e estava com pressão baixa. Na quarta-feira, foi detectado um problema renal. Na quinta-feira, durante um procedimento de hemodiálise, Leonardo teve uma parada cardíaca, foi reanimado e entrou em coma induzido.

O corpo do cantor nativista será velado a partir das 7h na Capela 3 do Cemitério Parque Saint Hilaire, localizado na avenida Senador Salgado Filho, 2980, em Viamão. O sepultamento ocorrerá no mesmo local a partir das 17h.

Leonardo é autor de sucessos como "Céu, Sol, Sul, Terra e Cor"; "Tertúlia"; "Viva Bombacha"; "Batismo de Sal", entre outras. Ele apresentava o programa Província de São Pedro, que vai ao ar na Rádio Guaíba aos domingos, entre 6h e 8h.

Fonte! Chasque publicado no portal do Correio do Povo de Porto Alegre - RS no dia 07 de março de 2010 - http://www.correiodopovo.com.br/.

Crédito do retrato para Divulgação / CP

quarta-feira, 3 de março de 2010

Blog dos PAMPEIROS é notícia no RS

Bueno! O galpão virtual (blog) do Conjunto Musical OS PAMPEIROS virou notícia em blogs de grande afluência (visitas) do Rio Grande do Sul. Dêem uma camperiada nos seguintes galpões virtuais:


1 - Blog PROSA GALPONEIRA - http://prosagalponeira.blogspot.com/2010/03/conjunto-musical-os-pampeiros-sp.html


2 - Blog da RÁDIO TERTÚLIA - http://blogradiotertulia.blogspot.com/2010/03/conjunto-musical-os-pampeiros-sp.html


O Conjunto Musical OS PAMPEIROS levou há mais de vinte anos, do Rio Grande do Sul para São Paulo, a cultura, a tradição e a música regional gaúcha e é no palco de um galpão de CTG ou noutra sociedade, em toda a Região Sudeste do Brasil, que matam a saudade de todos os gaúchos e gaúchas, animando os legítimos fandangos e bailes gaúchos!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Romance arrabalero

Naquele sábado quente de janeiro, Valentim encilhou um baio oveiro depois do meio-dia e deixou-o atado pelo cabrestro debaixo da ramada em frente ao galpão da Estância. Entrou no galpão, foi direto ao quartinho dos fundos onde dormia e guardava suas coisas de peão campeiro e abriu o velho armário. Quando saiu e montou, vestia uma bela pilcha, camisa branca de casemira, uma bombacha escura com favos, lenço vermelho à meia espalda, botas de pelica bem lustradas, o chapéu de aba larga e de barbicacho tapeado na testa e o pala de seda por sobre o ombro. A guaiaca, couro de lontra com fivela prateada em forma de ferradura, cingia à cintura a adaga com cabo de osso e ''s" de ferro. Havia calçado também as chilenas de prata, com papagaios de palmo e meio e rosetas de cinco pontas. Apenas por pacholeio e também por ser homem solteiro, atou a cola do pingo e atou nos tentos o laço com que gostava de pealar de sobrelombo nas várzeas e coxilhas missioneiras.

Pela hora da Ave-Maria enxergou aquele rancherio de fim de mundo, buscou as esporas e gritou um "vamo, pingo", dando uma galopeada até chegar às primeiras casas. O povoado estava silencioso àquela hora e ali, naqueles ranchos cercados de taquara, só se ouvia a voz de um rasguido doble vindo de algum rádio de pilha. Passou pela bodega do velho Aparício, um bolicho sortido à canha e rapadura. Lá dentro, um gaiteiro borracho quase dormia sobre a cordeona, enquanto executava uma chamarrita que falava de amores não correspondidos. À frente, ainda na rua empoeirada, cruzou por uma gurizada que jogava bolita. Cochicharam "lá vai o gaudério pras pinguanchas". Valentin passou por eles rindo, abanando o pala ao vento.

Estava feliz por rever Ruana. Tinham se conhecido há pouco mais de um ano e vinham se encontrando todos os meses. O peão gostou dela, ela aceitou o gaúcho, se negacearam por dias até que se encontraram. Então vararam noites e dias bêbados de amor, se amaram com fúria, rasgando os lábios, se mordendo com paixão canina. O cavaleiro chegou à pequena casa caiada com cortinas nas janelas, atou o cavalo num poste de luz, abriu o portãozinho de ferro, bateu na porta e disse "sou eu, Valentim".

Antes da meia-noite, abriu a porta, botou a ponta da bota no estribo, alçou a perna e seguiu a trote assobiando um chamamé, de volta pra casa. O arrabalde estava mudo, as luminárias tristonhas. O coração do peão voltava manso, as carnes acalmadas. Foi se afastando devagar dentro da noite escura, ouvindo os acoos dos cuscos cada vez mais longe. Para trás ficou, estendida na cama, uma moça solita. Ela levantou, vestiu a camisola de cambraia, tomou um pouco de água da jarra de barro e dormiu feliz.

Fonte! Chasque publicado no dia 28/02/2010 no Correio do Povo de Porto Alegre - RS, por Paulo Mendes, no caderno Correio Rural - http://www.correiodopovo.com.br/.
 
Crédito do Retrato - Arte de Luiz Octavio sobre óleo de Rodolfo Ramos